sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O que fazer nos próximos 301 dias?

Às vezes paro prá pensar - como todo mundo é claro! - no que vou fazer no próximo dia, na próxima semana, mês ou ano. O que fazer para continuar mantendo acessa (redundância) a chama que me trouxe até aqui. O que pretendo deixar de incentivo para os outros que um dia se depararem com um blog contra o tabagismo de uma pessoa comum igual a muitas.

Às vezes estamos tão voltados para o "nosso umbigo" que esquecemos que só chegamos até aqui porque fomos impulsionados também pelos comentários dos amigos que sempre passam e deixam um olá, uma palavra de incentivo e de carinho.

Chegamos aonde chegamos porque tivemos coragem de enfrentar um até então desconhecido cenário do "dia a dia sem cigarro". E que coisa dificil de enfrentar!

No meu caso foram 31 anos de convívio diário, durou mais que muito casamento. Na verdade, a mim custou dois casamentos!

A minha separação "do cigarro" foi cruel porque só um lado (eu) queria se separar, mas não tinha forças prá demonstrar isso com clareza. E nas inúmeras tentativas anteriores, os poucos dias que conseguia ficar longe "dele" eram terríveis porque a volta era sempre cheia de sofreguidão e excessos, sempre excessos de fumaça.

Mas um dia, exatamente há 301 dias atrás fingi que ia apenas na esquina e sorrateiramente desapareci sem deixar rastro.

Disse a mim mesmo que essa parceria estava me consumindo e que não mais o tinha como o "companheiro ideal para todas as horas" e que APENAS EU seria meu companheiro ideal.

Confesso que sofri muito, passei noites em claro, a alma apertada lá no fundo do peito, a garganta seca e todas aquelas outras milhares de falsas sensações de prazer que me eram proporcionadas, mas que me eram também muito caras. Caras demais até!

Mas cheguei até aqui e sinto a cada dia que estou mais distante do cigarro, afinal 301 dias me separam do último acesso e consumido.

É legal constatar que consegui o que parecia impossível ou improvável. É mais legal saber que venci o MEDO e a ANGUSTIA que me impediam de continuar tentando parar de fumar.

É isso mesmo amigos!

Assim como a maioria das pessoas que tentam parar de fumar e não conseguem, eu não conseguia por puro medo. O cigarro toma a forma de um membro do qual você acha que se perder vai sentir "amputado". Torna-se um ente querido lhe deixando a sensação de que perdê-lo é como perder parte de você.

E hoje sei que não é nada disso! Deixar de fumar exige apenas o sacrifício de aceitar que você não vai deixar de viver se decidir parar.

É claro que existem "efeitos colaterais", mas como tudo na vida é apenas passagem, esses efeitos também se vão com o tempo. Para alguns mais fácil de lidar que para outros, mas todos, absolutamente todos os fumantes se realmente quiserem podem parar!

Espero que nos próximos 301 dias eu ainda tenha o que escrever sobre o habito de fumar, porque a lembrança que tenho do cigarro vai ficando mais e mais apagada da minha memória. É como um filme que se assistiu há tempos atrás, você pode até recordar o nome dos atores, mas dificilmente lembrará do enredo por inteiro. Fica apenas uma vaga lembrança.

Ontem mesmo numa fila de banco, estava atrás de um senhor que havia fumado há pouco e o cheiro horrível que o mesmo exalava me causava náuseas a ponto de eu ter que me virar e ficar de costas para ele, ao mesmo tempo que divagava pensando: " Eu tinha esse cheiro horrível também!!"

Confesso que tive o ímpeto de conversar com ele sobre cigarro sugeri-lo a parar, mas assim como não permitia essa abordagem quando fumava, fiquei com receio de sua reação, afinal nem o conhecia...

Acho que vou passar os próximos 301 dias tentando convencer alguém a parar e como abordar as pessoas sem agredi-las.

Serão meus próximos assuntos....
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